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Há vários textos aqui no Recanto das Letras e em vários outros sites sobre métrica, ritmo, pé e escansão. Há textos incríveis de Paulo Camelo e Alexandre Tambelli, amigos de longa data. Mas parece não haver um texto SÓ sobre as variedades do decassílabo, o metro mais utilizado pelos sonetistas. Este texto ainda tem a função de revelar em termos práticos o que se inclui ou exclui na hora de escrever certos metros.
O verso de 10 sílabas foi apresentado para mim no Ensino Médio como dolce stil nuovo ou como parte disto. E o que era o dolce stil nuovo? É uma denominação aos poetas italianos do século XIII e, por extensão, ao movimento renascentista que resultou na ascensão das línguas vernáculas, o surgimento e propagação do decassílabo, dentre outros pontos. Ao contrário do que muitos imaginam, o introdutor do decassílabo e do soneto em Portugal não foi Camões, mas Francisco Sá de Miranda.
É por isso que chamamos os versos de 9 a 12 sílabas de arte maior, o que não significa que os versos de 1 a 8 sílabas sejam inferiores, mas significa que pertencem, estão muito ligados à poesia medieval, à poesia popular, por exemplo.
I - CLASSIFICAÇÃO DOS DECASSÍLABOS
O verso de 10 sílabas é classificado conforme suas cesuras, isto é, acentos, pontos de sílabas tônicas.
HEROICO: apresenta cesuras nas 6a e 10a sílabas.
De quantas graças tinha, a Natureza (Camões)
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De/ quan/ tas /gra /ças /ti/ nha, a /Na/ tu/ re //
Anjo no nome, Angélica na cara (Gregório de Matos)
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An/ jo/ no / no/ me, An/ gé/ li/ ca/ na/ ca//
vermelho: cesuras obrigatórias.
azul: cesuras secundárias (não-obrigatórias)
Observe que para o verso ser denominado decassílabo heroico ele só precisa de duas coisas: ser um verso de 10 sílabas poéticas e da sexta sílaba ser a sílaba tônica de uma palavra. Note que o fato da 2a e da 4a (ambas em azul) serem também tônicas não desclassifica: continua sendo decassílabo heroico.
O heroico é, de longe, o metro mais usado nos sonetos e, honestamente falando, um dos mais fáceis pois exige-se pouco do poeta.
MARTELO AGALOPADO: uma variante do heroico pois apresenta cesuras na 3a, 6a e 10a. Está intimamente ligado à literatura cordel.
E eu que sou, também, súdito de Sade,
Virei rei do martelo agalopado! (Glauco Matoso)
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E eu / que /sou, /tam /bém, / sú/ di /to /de /Sa //,
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Vi / rei / rei /do /mar/ te /lo a/ ga/ lo/ pa//
SÁFICO: difundido por Camões, o sáfico apresenta cesuras nas 4a, 8a e 10a. Não considero um metro fácil, tenho poucos versos. Aliás, notem que no mais conhecido soneto de Machado de Assis há vários heroicos e poucos sáficos.
em que descansas desta longa vida, (Machado de Assis)
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em / que/ des/ can/ sas/ des/ ta /lon/ ga / vi //
GAITA GALEGA: variante do sáfico, apresenta cesuras nas 4a, 7a e 10a. Também é chamado de moinheira. Uma pessoa me disse que o meu nome completo é uma gaita galega, não é à toa que amo gaita galega: Rommel dos Santos Andrade Werneck. Mas vamos a um exemplo real.
De vossos Reinos, será certamente (Camões)
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De/ vo /ssos /Rei /nos, / se/ rá / cer/ ta / men //
PENTÂMETRO IÂMBICO: pentâmetro significa 5 metros. Iambo ou jambo é, no sistema de pés, a presença de 1 sílaba átona + 1 tônica. Portanto o pentâmetro iâmbico quer dizer 5 metros (5 vezes) o iambo. Logo: fraco, forte, fraco, forte, fraco, forte, fraco, forte, fraco, forte. Em suma, significa cesura nas sílabas pares: 2a, 4a, 6a, 8a e 10a.
Muito frequente na língua inglesa já que as palavras são bem mais curtas. Observe as cesuras em vermelho:
When I do count the clock that tells the time (William Shakespeare)
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When/ I /do /count /the /clock /that /tells /the /time
Um exemplo pessoal em português:
Que noiva incrível! Hoje irei ao céu
E irei levando as flores com grinalda...
(Rommel Werneck)
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Que /noi /va in/crí /vel! /Ho /je i/ rei /ao /céu//
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E i/rei /le /van/ do as /flo /res /com /gri / nal/ ...
Um fenômeno interessante no pentâmetro iâmbico (e que também pode ocorrer em outros metros) é que alguns monossílabos normativamente átonos podem se tornar tônicos e vice-versa graças à repetição e oscilação das sílabas, o ritmo se dá justamente por conta da sequência. Existe um grande debate na versificação se certos monossílabos são normalmente átonos ou não. Mas, geralmente, o monossílabo com é átono, mas pode ser entendido como sílaba tônica neste verso já que a sílaba posterior e a anterior são bem mais fracas.
7 8 9
res /com /gri
Esta minha humilde opinião pode ser comprovada com este outro início de soneto do maior poeta da língua inglesa.
How can I then return in happy plight (W. Shakespare)
O I (eu, 3a sílaba) está átona, mas no trecho anterior funcionava como tônica. E, honestamente, penso que este fenômeno também ocorra em língua portuguesa pois a fonética não tem fronteiras.
II - TUTORIAL
Muitos autores escrevem sobre Teoria Literária, mas raros escrevem sobre os "segredinhos" de como escrever ou simplesmente explicam o seu processo de criação. E, acreditem, a maioria não faz isso não é por vaidade e sim por não saber explicar. Porque escrever bem algo não implica necessariamente em explicar como escrever. Sei que devemos ser humildes (e estou tentando ser desde o começo do texto), mas julguei relevante inserir textos meus aqui até para expor o processo. Doravante, os trechos estarão sem o meu nome, mas com o título entre parênteses e todos os trechos são retirados de textos daqui de meu site.
HEROICO
Por que é o tipo de decassílabo mais comum nos sonetos, sextinas, terza rimas etc? Porque, como já disse antes, é o mais fácil. Exige-se somente cesura na 6a sílaba e, obviamente, a 10a sílaba, afinal sem esta última jamais seria um decassílabo.
Denonima-se de hemistíquio, o trecho/parte dividida pela cesura, ou seja, temos um hemistíquio (trecho) entre a 1a até a 6a sílaba e outro trecho entre 6a e a 10a. O segundo hemistíquio é mais breve e exigente porque são somente 4 sílabas e porque nele estará a rima (no caso de versos rimados).
Segundo comentário que faço é que contamos as sílabas poéticas até a última tônica. Então, nas palavras paroxítonas e proparoxítonas na 10a cesura haverá descarte de 1 a 2 sílabas, o que favorece o poeta. Terceira observação: a sinalefa unirá as vogais "inúteis" em uma só sílaba dimiuindo o verso.
No fim da noite, escorre a maquiagem,
O perfume desliza e perde o brilho,
(No fim da noite)
6 10
No /fim /da /noi/te, es/co /rre a /ma /qui /a //
6 10
O / per/fu /me /des /li /za e /per /de o /bri //
Neste soneto de 2010 utilizei rimas graves (paroxítonas). Vamos imaginar o texto escrito de outra forma
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A / ma/ qui/ a/ gem/ es/co/rre /no/ fim/ da/ noi//
Repare que teríamos um verso de 12 sílabas bastante estranho, uma espécie de "gaita galega com puxadinho". Soma-se a isto a preocupação da rima e do conteúdo do texto, então um grande truque é testar várias formas sintáticas, daí a glória em usar hipérbato (fig. de estilo que consiste em inverter a sintaxe). Diante deste comentário, o leitor já vai descobrir que a escolha das rimas está intimamente ligada ao metro escolhido (isso será mais notável nos outros tipos de decassílabo, nos quais há menos opções. E outra lição tirada é que a posição dos elementos da oração faz muita diferença.
De maneira mais específica a esta subseção, o decassílabo heroico possibilita agrupar melhor as palavras polissílabas, principalmente na região da 10a cesura. Ainda do mesmo soneto No fim da noite:
6 10
Transforma-se a madrinha em maltrapilho,
6 10
Desaparece a minha carruagem
Como fazer a transição da 6a para a 10a sem grandes traumas? Afinal, para quem está começando fechar o verso na mesma quantidade de sílabas é um desafio e completar as cesuras, outro bem mais difícil, ao menos em minha adolescência acreditei nisto.
Alguns arranjos que (in) conscientemente fazemos (limitei-me a por poucos para o texto não ficar longo demais):
1- adjetivo proparoxítono + substantivo trissílabo: Como te quero, lúbrica Sodoma! (Terza Rima II)
2- oxítona + palavra ou expressão longa (se você quer usar uma palavra longa perto da rima externa, pode ser quase obrigatório usar uma oxítona na 6a):
O vinho encantador me embalsamando
De vertigem gentil e tenebrosa (Perdição)
3- paroxítona + palavra mediana:
Lubrificam a doce mocidade (Desonrado)
4- paroxítona mediana + oxítona mediana iniciada por vogal para fazer sinalefa (rima aguda):
Tu tens asas sombrias de urubu... (Lado Obscuro)
Explicarei mais detalhadamente este trecho: urubu é oxítona, portanto forma o que chamamos de rima aguda ou masculina. É trissílaba e isto dificulta colocar outras palavras antes, mas a sinalefa produzida pela vogal inicial ajuda (e muito).
MARTELO AGALOPADO
O que foi escrito na subseção anterior também se aplica aqui. Como o martelo possui cesuras na 3a, 6a e 10a, não é muito bom que a 2a ou a 4a sílabas sejam tônicas também para não ofuscar a 3a e o mesmo tipo de raciocínio pode se aplicar à 6a, 10a etc. O martelo tem mais exigências que o heroico.
Na verdade, constatei que possuo somente UM soneto em martelo agalopado e que nunca foi publicado porque ficou horroroso (kkkkk). De fato, não é um metro que me apetece, embora naturalmente apareça em poemas cuja proposta é escrever decassílabo heroico pois o martelo é uma variante do dec. heroico como já disse. Curiosamente tenho escrito quaternário de anapestos (3a, 6a, 9a e 12a) então a falta do martelo foi recompensada com meus versos de 12 sílabas, mas isto é outra história...
Apresento algumas opções de começo para obter a 3a sílaba tônica (em azul):
1- Adv e conj, principalmente adv de modo (tetrassílabo):
Certamente procuro a tal varanda (Sonhos lilases)
2 - Tetrassílaba paroxítona (por ex, gerúndio ou verbo longo):
Sonetistas sublimes... No soneto,
Desenrolam o ritmo, rima e métrica, (Sonetistas sublimes)
Respingando no Olimpo seu perfume (Submundo)
3- Artigo + subst trissílabo:
Um perfume longínquo que me atiça...
O passado inocente sem tabu... (Baú)
4- Verbo no infinitivo (trissílabo e muitos o são!):
Despertar em solene madrugada (Permissões)
SÁFICO
Relembrando: o sáfico possui cesuras na 4a, 8a e 10a. A cesura na 8a obriga o poeta a usar palavras curtas no fim do verso, então raríssima a minha experiência porque não me agrada muito este formato. "Ah, queria usar palavra longa na rima!" Então a solução é escrever um dec. heroico, hendecassílabo ou dodecassílabo. Eu até escrevi recentemente um longo poema só de sáficos, mas ainda não publicado. Muitos poetas escrevem sáficos intercalados com heroicos para não ficar tão difícil.
Dicas gerais:
1 - Enumeração de substs:
Pudor, modéstia, retidão, aurora (Pudor)
2- paroxítona terminada em vogal + palavra iniciada por vogal = sinalefa reduzindo o tamanho e favorecendo a 8a:
Tens as virtudes que bem tive outrora:
[...]
Um bel-prazer casto, a riqueza honesta (Pudor)
3- Oxítona + palavra curta, a oxítona garantirá a tonicidade da 8a sílaba
As jarreteiras e, em rayon, as meias,
De Antonieta, a colossal peruca! (Marido e mulher)
4 - Uma outra dica e que serve para qualquer outro tipo verso é usar dicionário de rimas ou sinônimos. Este último tem a funcionalidade de encontrar palavras parecidas no significado, haverá palavras de outras quantidades de sílabas e terminações, o que favorece a rima.
Quanto ao dicionário de rimas, ainda que ele possa ser usado para encontrar rimas, podemos usá-lo até para encontrar uma palavra parecida ou da mesma classe morfológica que sirva no texto contanto que tenha a mesma quantidade de sílabas. É quando você descobre que cabe a palavra sutil, por exemplo, mas ela não tem nada a ver com o sentido do texto, mas mesmo assim você quer um adj. oxítono de duas sílabas, escrever gentil ou viril pode salvar o verso.
GAITA GALEGA
Por mais contraditório que seja, embora a gaita galega seja meu tipo favorito de decassílabo, não tenho muitos textos e técnicas, mas deixo aqui umas dicas e que, por tabela, também servem para o sáfico, já que eles são parecidos. Acho importante falar de novo que alguns truques ditos noscasos anteriores podem servir aqui também.
1 - Adj + subst curtos e vice-versa (serve para as três cesuras):
Vozes douradas num magno soneto! (Magno soneto)
2- A conjugação verbal com pronome ou um longo gerúndio garantirão a 4a cesura (azul):
Ele estuprou inocentes escravos
Satisfazendo os hormônios, desejo...
E perfumou os mais flácidos cravos
Ao conceder mais um sólido beijo... (The Lonely Slayer)
3- Esta dica serve para qualquer metro de verso, ou seja, serve para gaita galega, sáfico, hendecassílabo, alexandrino etc. Se você deseja utilizar uma expressão mais de uma vez no texto favorecendo a musicalidade por meio da repetição, melhor escrever o texto todo naquela métrica, isso é bem óbvio, mas às vezes essa expressão é o título do texto. Foi assim com o indriso de gaita galega Cheiro de Chuva:
Cheiro de chuva chegando p’ra mim....
O coração se encharcando de chamas....
A água que deixa chumaço sem fim...
Cheiro de chuva, uma flecha de dramas
Fechando a chave o arrebol do jardim....
É enxurrada de haxixes e lamas!
E quando a chuva à luxúria se enfaixa,
Minha paixão a teu charme se abaixa.
PENTÂMETRO IÂMBICO
Esta métrica é estranha para a língua portuguesa já que nossas palavras não são curtas. Como em inglês a situação é totalmente oposta, é largamente usada.
Formas de se obter:
1- Adjuntos adnominais + palavra curta (esta técnica também serve com sáfico), o adjunto preencherá espaço:
Aos galhos secos molha muitas flores (Desonrado)
2- A primeira palavra do verso pode ser parox. trissílaba,
Inventam coisas, acham novas terras, (Inglês VI)
mas seu uso no meio do verso exige monossílabos ou sinalefas para compensar. Cesuras em vermelho, sinalefa da trissílaba paroxítona em azul e monossílabo tônico sublinhado:
O próprio tempo altera tanto os dias
Que muda o modo a tais mudanças são (Inglês VI)
Outro exemplo com outro soneto inglês (Inglês V):
Afundo em gim, licores, grande lodo
Se não consigo então de alguém o amor...
3- A palavra proparoxítona (estão sublinhadas) só pode ser usada na 10a cesura e, mesmo assim, compromete o ritmo do verso seguinte, então convém usar raramente evitando o abuso da licença poética, isto é, se você se comprometeu a escrever o soneto inglês que exige tal metro.Repare que, no 12º verso (4º verso do fragmento abaixo) do meu Inglês III não é um pentâmetro iâmbico:
Os sinos plangem, lobos uivam calmos,
Entramos juntos nesta azul necrópole
Enquanto os vivos cantam longos salmos
Em luto, em choro, em coro na metrópole....
4- Como foi dito no sáfico, conhecer as palavras oxítonas auxiliará a acentuar as sílabas pares, mas aqui a regra é a oxítona dissílaba ou trissílaba iniciada por vogal. Eu sempre tive problemas em achar oxítonas porque elas são menos frequentes em português do que as paroxítonas, não é à toa que muitas oxítonas são acentuadas graficamente.
E como encontrar oxítonas? Alguns exemplos de classes gramaticais e formas:
Adjetivos: gentil, feliz, cruel, fatal, veloz, voraz
Verbos curtos irregulares no futuro, no pret.perf. ou infinitivo: dirá, farei, serão, queimei, morreu, trazer, partir
Monossílabos tônicos: nó, pó, cós, gim, mim, fim, faz, cais, voz
Cores: lilás, azul, grená
Substantivos em -or: frescor, palor, fulgor, terror, amor.
III - INFORMAÇÃO ADICIONAIS
Há muitos anos alguém aqui no extinto Fórum do Recanto das Letras havia um tal de "soneto ibérico" ou "soneto estoico" com decassílabos na 5a e 10a cesuras em regras parecidas com o alexandrino. Não encontrei nenhuma fonte segura sobre isso. As informações que aparecem alguns blogs parecem confundir hendecassílabo com decassílabo, talvez até por força da contagem francesa a partir de 1851. Eu só me recordo de ter um único soneto (Nunca mais despertar) com o 14º verso com cesura na 5a porque o Dr. Paulo Camelo recomendou-me para não ficar ruim o significado do texto.
Quando eu publicar o novo texto em sáficos (deverá ser encaminhado para concurso por isso estou guardando), coloco mais considerações aqui. Texto sujeito à revisão. Usem os comentários para concordar ou discordar.
IV - TALENTAI
Inventado por Ivan de Oliveira Melo, o talentai é uma nova forma fixa que consiste em 1 monóstico, 1 dístico, 1 terceto, 1 quarteto e 1 quinteto. Não precisa ter versos isométricos e rima, mas eu optei por escrever homenageando o verso decassílabo explorando os tipos elencados aqui.
roxo: martelo verde: gaita galega azul: pent. iâmbico rosa: sáfico
MARIDO E MULHER
Espartilhos, anáguas, crinolinas...
Por que utilizas tantíssimas vestes,
De santas virgens viúvas celestes?
As holandesas rendas, rufo à nuca,
As jarreteiras e, em rayon, as meias,
De Antonieta, a colossal peruca!
Por que o xale cobrindo o teu decote?
Acaso julgas-me o teu sacerdote?
Demoras tanto tempo, assim me atrasas;
Fetiche então... apaga as minhas brasas
Porque não somos marido e mulher
E das luvas compridas, véu, valise,
Não há sequer tempo pro seu strip-tease,
Tudo passa nos rápidos instantes,
Vem nua já que só somos amantes!
Carnaval de 2022